A importância do processo de autoclavagem nos centros cirúrgicos

Entenda como funciona um dos métodos mais eficazes para esterilização em itens hospitalares na reutilização dos instrumentos.

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A autoclavagem é um tratamento térmico muito utilizado no ambiente hospitalar para a esterilização de materiais. O processo consiste em manter o material contaminado, previamente lavado e embalado, a uma temperatura alta por meio do contato com vapor de água, durante um período de tempo suficiente para destruir os agentes patogênicos. O procedimento inclui ciclos de compressão e descompressão que facilita o contato entre o vapor e os materiais contaminados. A temperatura e o tempo dependem do ciclo escolhido de acordo com o tipo de material que será processado, podendo ser 134oC ou 121oC. Já para produtos lácteos a temperatura é de 110oC.

A utilização de calor é um dos métodos mais eficazes de destruição das bactérias resistentes. Isso ocorre quando as células são sujeitas a calor superior e temperatura máxima de crescimento dos microrganismos. Instrumentos e acessórios hospitalares classificados como reutilizáveis como tesouras, pinças, ferramentas cirúrgicas entre outros passam pelo processo de lavagem ou termodesinfecção, secagem, vistoria, controle, embalagem e esterilização.

Os itens limpos e secos são colocados em embalagens especiais que permitem o vapor agir e esterilizar os dispositivos na autoclave (recipiente de inox especial com uma pressão forte, que contém uma porta para entrada de material não estéril e uma porta de saída para instrumentos esterilizados. O equipamento é automático. Após ligar a máquina todo processo é realizado. “A enfermeira responsável registra no equipamento ou em uma ficha de registro o lote dos materiais, data, seu nome, número do equipamento e tipo de ciclo. Após o ciclo completo e correto, o equipamento libera a porta de saída. Caso tenha ocorrido alguma falha ou não conformidade no ciclo a porta de saída não abrirá, obrigando a retirada do material novamente pelo lado não estéril para repetir todo o processo. A atividade de esterilização é sempre acompanhada e monitorada por sensores da autoclave bem como indicadores ou monitores biológicos, físicos ou químicos que acompanham as cargas – etiquetas e dispositivos com tintas químicas que mudam de cor em condições pré-determinadas de umidade, temperatura e tempo, além de dispositivos de segurança com bactérias latentes que após incubação controlada comprovam a eficiência da esterilização”, explica o gerente técnico da Cisa, Fernando Rivetti Suelotto.

O tempo de duração de esterilização da autoclavagem depende dos materiais e nível tecnológico do equipamento. “Máquinas mais modernas são bem mais rápidas. Um ciclo bastante utilizado é o de instrumentais cirúrgicos a 134oC em equipamentos avançados em média dura uma hora. Mas pode ser reduzido pela metade em equipamentos especiais e condições certas”, detalha Fernando.

Os serviços de limpeza e reutilização de itens hospitalares são importantes nos centros cirúrgicos. Com a evolução das técnicas de esterilização a vapor, os protocolos foram acrescentados para garantir segurança ao processo. “Autoclaves a vapor precisam ser 100% seguras. Necessitam de controles precisos de temperatura, pressão, qualidade do vapor e de vácuo. Isso tudo exige tecnologia, água e energia, pois são equipamentos de infraestrutura imprescindíveis para os hospitais. Sem autoclaves, não existem cirurgias”, comenta Fernando.

Apesar do avanço da tecnologia trazer eficiência ao processo de autoclavagem, a busca de melhoria é constante para reduzir custos e aumentar a velocidade na esterilização dos materiais. “Os custos de energia, qualificações anuais dos equipamentos, manutenção, controles e retrabalho são o grande desafio dos centros cirúrgicos atualmente. Quando a engenharia clínica de um hospital calcula estes custos por unidade de volume do material processado, o investimento em tecnologias cada vez mais avançadas se tornam uma obrigação constante”, ensina Suelotto.

Segundo Fernando, apesar da Covid-19 gerar preocupações para todos os profissionais de saúde, no processo referente à esterilização promovida pelo equipamento autoclave, até o momento o protocolo não sofreu alterações. Os tipos de ciclos de esterilização já existem para eliminar vírus, fungos e bactérias, que há décadas são motivo de preocupação em ambientes cirúrgicos e hospitalares. Para utilizar a autoclave com cuidado, os profissionais seguem normas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) baseada em regras internacionais. “Os protocolos regem todas as etapas desde utilização, segurança, transporte interno, manutenção, controle de processos, controle dos instrumentais, componentes, dispositivos, serviços internos e externos, custos, ambiente, infraestrutura, mão-de-obra e equipamentos. São profissionais da área de enfermagem, engenharia, biologia, farmácia, biomedicina, tecnologia e administração que precisam estudar muito para a constante atualização. Mas tudo isso permite segurança e garantia de perfeito funcionamento”, finaliza Fernando.

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