O que a pandemia do covid-19 ensinou para as instituições hospitalares?

Capacitação da equipe médica e de enfermagem, reforço na higienização do ambiente e implantação de fluxos diferenciados no atendimento é o legado do coronavírus aos hospitais.

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No início de 2020 a pandemia causada pelo novo coronavírus chegou ao Brasil mudando o cotidiano das pessoas e dos hospitais. O aumento do número de casos rapidamente caracterizou a infecção como um surto, levando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a situação como uma pandemia mundial.

Já faz parte da rotina dos hospitais lidar com pressões, cumprir protocolos, seguir manuais, treinar pessoas e sempre buscar a melhor experiência para o paciente, mas o que mudou?

Neste cenário pandêmico o que mudou foi o aumento no volume de atendimentos nos hospitais, a ansiedade e a insegurança das equipes, cenários duvidosos, além das adaptações feitas rapidamente em setores operando e os treinamentos das equipes feitos quase que “just in time”. Mesmo com toda vulnerabilidade causada por essa situação, os profissionais ainda têm a missão de entregar a melhor experiência para o paciente.

Outras epidemias já aconteceram no passado e protocolos para atendê-las são quase que universais. Nesses casos, os procedimentos de limpeza são os mesmos de outras doenças infectocontagiosas. Conversei com a consultora em hotelaria hospitalar Gabriela Claro sobre as mudanças que o covid-19 trouxe aos hospitais em relação as rotinas de limpeza e o treinamento das equipes. Ela comenta que nas áreas de atendimento com maior volume de pacientes e acompanhantes como ambulatórios, pronto atendimento e emergência, os protocolos de limpeza foram reforçados. A higienização realizada entre o atendimento de cada paciente é feita pelos próprios profissionais da linha de frente (médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, técnicos, entre outros). Já a limpeza minuciosa dessas áreas é realizada de hora em hora. O CCIH diariamente orienta, acompanha e mensura os resultados das equipes de limpeza, fazendo ajustes aos protocolos, se necessário. EPI´s como óculos, máscaras e jalecos descartáveis foram incorporados a estes profissionais.

Duas coisas chamam muita a atenção dos gerentes operacionais, o aumento significativo da quantidade de resíduos e o custo desta nova operação. Os resíduos não só aumentaram como mudaram sua classificação para infectantes. O aumento no consumo de álcool gel, papel toalha, sabonete e produtos de limpeza em geral fizeram os custos operacionais triplicarem. Talvez esse seja o maior desafio no gerenciamento dos custos destas áreas.

Em nossa conversa, Gabriela acredita que no cenário pós-covid tudo voltará ao normal, exceto o incremento dos EPI´s e a mudança de comportamento e consciência dos colaboradores de limpeza. Os custos precisarão ser contrabalanceados.

Sabemos que alguns hospitais fizeram adaptações pontuais para minimizar as ações da pandemia. Cada instituição se adaptou conforme necessidades e formas de operação. Conversamos também com a arquiteta Francine Xavier, da empresa C+A Arquitetura sobre projetos hospitalares. Uma forma inteligente de não haver redução do número de leitos nos hospitais será a divisão e isolamento por andares. Desta forma, os hospitais poderão operar com enfermarias e quartos individuais proporcionando a segurança dos pacientes.

A implantação de fluxos diferenciados e a duplicação de esperas e banheiros assegurarão setores com grande volume de pessoas. Cores nos fluxos e áreas também podem ajudar no direcionamento, impedindo o cruzamento de pacientes com e sem covid-19. As recepções com proteção de acrílico dão segurança tanto aos pacientes quanto aos colaboradores. O Centro Cirúrgico também pode receber especificação de cores nas salas de cirurgias para facilitar o direcionamento de pacientes infectados.

Para os novos projetos hospitalares muitas coisas serão repensadas. Por exemplo, quartos de internação com infraestrutura prevista para virarem UTI’s, áreas flexíveis que possam virar quartos de internação e estacionamentos de ambulâncias com potencial para virar áreas de triagem em massa. Os necrotérios precisam de uma atenção especial como criar espaços que possam acomodar um número maior de óbitos e encaixes de novas geladeiras (para cadáveres).

Francine também destacou que precisamos pensar em criar áreas de descompressão para os colaboradores, ambientes agradáveis e funcionais que permitam a baixa do estresse dessas pessoas que trabalham constantemente sob pressão.

Depois de tudo isso, nos questionamos: o que fica? Um grande aprendizado de vida, a mudança da consciência dos profissionais, a união das equipes médicas e de enfermagem com os colaboradores operacionais e a força para enfrentar qualquer situação que venha no futuro.

O que a pandemia do covid-19 ensinou para as instituições hospitalares?

Autora: Graziela Bross Baccarini
Consultora na Bross Baccarini Consultoria e Planejamento

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